segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Nióbio: Bem Mineral, Bem Nacional - VI

 
 Fonte: niobiodobrasil.blogspot.com.br


Nióbio
Rui Fernandes P. Júnior
Especialista em Recursos Minerais
 
 
6. PREÇOS

Não existe no Brasil comercialização do mineral pirocloro e de concentrado de pirocloro, desde 1981, sendo ambos industrializados e comercializados pelas empresas que atuam com o insumo, tanto como liga, como óxido de nióbio. 
 
O preço do nióbio está diretamente relacionado ao comportamento da siderurgia e a demanda mundial pelo metal que é restrita e cíclica associada à realização de grandes projetos que utilizam aços fortalecidos pelo nióbio como gasodutos, refinarias, plataformas de exploração de petróleo, etc.
 
Entre 1997 e 2006 não se observou grandes oscilações no preço, provavelmente ocasionado pelo fato da comercialização do ferro-nióbio e do óxido de nióbio ser realizada diretamente pelas empresas produtoras e não por meio de bolsas de mercadorias. A CBMM tem um papel de firma líder no mercado internacional de nióbio, os preços praticados por ela servem de referência para o estabelecimento de preços das firmas seguidoras: Anglo American Brasil e a canadense Cambior.

Num contexto histórico, os preços médios da liga ferro-nióbio, apresentam uma relativa estabilidade. O nióbio é um dos poucos casos de bens metálicos caracterizados por esta estabilidade, ao contrário do níquel, por exemplo. No período pós-guerra (1945), somente os dois choques do petróleo provocaram uma inflexão dos preços do produto, com um sensível aumento neste período.
 
O primeiro choque ocorreu em 1973, como resposta dos países árabes à Guerra do Yom Kipur. Estes países decretaram o completo bloqueio do fornecimento de petróleo aos países aliados de Israel (EUA, Holanda e Portugal), e simultaneamente ao aumento dos preços do petróleo, o preço médio do kilograma de nióbio subiu de US$ 6,83 em 1973 para US$ 9,08 um aumento de 33%.
 
O segundo choque petrolífero ocorreu entre 1978 e 1980, como conseqüência da Revolução Islâmica Xiita no Irã e a deflagração do conflito Irã e Iraque (1980-1988). Os dois países eram e figuram ainda hoje como um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Neste período, o preço médio do kilograma de nióbio saltou de US$ 11,29 em 1978 para US$ 13,87, um aumento aproximado de 23%.

Entre 2006 e 2008, observa-se um forte aumento nos preços dos insumos a base de nióbio. O aumento foi de 144,13% para a liga Ferro Nióbio e 159,49% para o óxido de nióbio. O forte aumento foi reflexo, principalmente, devido à elevada demanda da indústria siderúrgica chinesa, por aços de qualidade superior; além disso, os repasses na defasagem cambial (o real se valorizou frente ao dólar entre outubro de 2002 e agosto de 2008), realização de novos investimentos, além da renovação dos contratos, contribuíram para a elevação dos preços do metal.
 
O nióbio possui sucedâneos. Na siderurgia, o titânio e o vanádio são elementos microligantes. O tântalo pode ser aplicado também em superligas na indústria aeronáutica para fabricação de turbinas especiais, produtos laminados e fios resistentes à corrosão e às altas temperaturas, além da fabricação de carbetos para as ferramentas de alto corte, contudo este metal possui preços mais elevados, além de elevada densidade. No caso dos aços microligados, foram feitos testes com nióbio, tântalo e vanádio para a viabilidade deste na indústria de autopeças e de vagões ferroviários. O nióbio apresenta melhor vantagem em relação aos outros dois elementos, não apenas em suas propriedades físico-químicas, mas também por ser um metal abundante no país.
 
O reconhecimento da vantagem competitiva do nióbio em relação aos metais concorrentes fez com que o consumo médio de ferro-nióbio aumentasse em média 19% ao ano, entre 2002 e 2007, enquanto o crescimento da produção de aço foi de 7% ao ano no mesmo período. Mesmo considerando os mercados onde a tecnologia siderúrgica já está avançada, a taxa média de crescimento do consumo de ferro-nióbio, no mesmo período foi de 15% ao ano, ao passo que o crescimento médio da indústria siderúrgica foi de 2% ao ano.

A CBMM e a Anglo American antevendo os possíveis aumentos na demanda, tem realizado projetos de expansões de suas capacidades produtivas, garantindo a oferta e evitando maiores oscilações nos preços nos próximos anos. Além disso, reforçam a posição dessas empresas como líderes da indústria mundial de nióbio, tendo em vista as vantagens competitivas delas com o alto teor do minério de Araxá, rede própria de distribuição e a atuação em vários segmentos de produtos do nióbio e a Mineração Catalão por representar uma alternativa de fornecimento desse material associada a uma tradicional empresa de mineração e, também, uma rede própria de distribuição.
 
A produção anual da CBMM projetada para o ferro-nióbio até 2011 foi de 120 mil toneladas, da liga ferro-nióbio, com investimentos previstos de R$ 250 milhões. Em 2008, a capacidade instalada era 90 mil toneladas por ano. Esta mesma empresa iniciou os projetos de expansão para produzir 150 mil toneladas a partir de 2014, principalmente na expansão das plantas de concentração e metalurgia. Vale observar que estas projeções já foram revistas, em virtude dos impactos preliminares da crise econômica internacional.
 
A Anglo American Brasil investiu R$ 30 milhões em um projeto para o reaproveitamento dos rejeitos da extração de fosfato pela Copebrás, estes rejeitos possuem uma quantidade significativa de minério de pirolcloro, o que significa um aumento de 30% na produção de ferronióbio, que em 2007 foi de 7000 toneladas, aproximadamente, além de reduzir a emissão de rejeitos no processo produtivo da apatita (fosfato) pela Copebrás.
 
Portanto, com base nos investimentos realizados tanto pela Mineração Catalão como pela CBMM e as reservas existentes garantem a liderança do Brasil mercado e a determinação do preço nos próximos anos.

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