quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Administração: a Ciência e as Influências - parte 3

Por
Marcos Bittencourt

Influência dos Economistas

A partir do século XVII, uma variedade de teorias econômicas centradas na explicação dos fenômenos empresariais e baseadas em dados empíricos começou a ganhar corpo. Essas teorias representaram a base do liberalismo. No entanto, foi somente no final do século XVIII que os economistas clássicos liberais conseguiram a aceitação de suas teorias.

Os expoentes do liberalismo econômico foram Adam Smith, James Will e David Ricardo. As teorias por eles expostas tiveram grande impacto posteriormente; e o ideário liberal pode ser resumidamente explicado como a crença real, concreta e definitiva de que a ordem natural é a mais perfeita das ordens e de que os bens naturais, sociais e econômicos são aqueles que possuem caráter eterno; direitos econômicos são inalienáveis e existe em toda coletividade de indivíduos uma harmonia preestabelecida.
Segundo o Liberalismo, a vida econômica deve subsistir apartada de qualquer influência estatal, posto que, por suas teorias, o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita as mesmas regras gerais da economia que regem o mercado de matérias-primas ou comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, que são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado principal do liberalismo econômico.

As sementes lançadas pelos economistas clássicos liberais constituem o arcabouço inicial do pensamento da administração moderna.

Adam Smith (1723 – 1790), economista escocês, é o fundador da economia clássica. Sua teoria tem como idéia central a competição. Smith defendia que nos mercados onde vigorasse a competição, o funcionamento da economia dar-se-ia de forma espontânea, confirmando a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, ainda que os indivíduos agissem apenas em proveito próprio. Portanto, o papel do governo deveria se restringir a garantir a lei e a ordem e intervir na economia somente quando não exista mercado ou quando este deixe de funcionar satisfatoriamente, ou seja, quando não ocorra a livre concorrência ou livre competição.

Smith vislumbrou o princípio da especialização e o princípio da divisão do trabalho e os explanou em sua mais conhecida obra, A riqueza das nações, publicada em 1776.

Para Adam Smith, a origem da riqueza das grandes nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas. Preconizou, ainda, os estudos dos tempos e movimentos que, mais tarde, Taylor iria desenvolver como base fundamental da administração científica. Smith reforçou a importância do planejamento e da organização dentro das funções da administração.

James Will (1773 – 1836), também economista da escola liberal, sugeriu uma série de medidas relacionadas com os estudos dos tempos e movimentos em sua obra Elementos de economia política, publicada em 1826.

Em 1817, em Princípios de economia política e tributação, David Ricardo (1772 – 1823) aborda o trabalho como item de custo. Aborda, ainda, temas como capital, salário, renda, produção, preços e mercados.

A partir da segunda metade do século XIX, o liberalismo econômico perde sua influência, à medida que o capitalismo se agiganta, com o crescente número de fusões e aquisições formando enormes conglomerados industriais. Inicia-se a fase do chamado Capitalismo Industrial, calcado na produção em larga escala, com grandes concentrações de maquinaria e de mão-de-obra, criando situações bastante problemáticas de organização do trabalho, do ambiente, da concorrência econômica e do padrão de vida.

Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engel (1820 – 1895), publicam em 1848 o Manifesto Comunista e são, assim, considerados os criadores do socialismo científico e do materialismo histórico. Analisam os diversos regimes econômicos e sociais e principalmente a sociedade capitalista. Concluem que a luta de classes é o motor da história e que o estado é, sempre, um órgão a serviço da classe dominante.

Com a publicação em 1867 do primeiro volume de O Capital e a exposição das teorias a respeito da mais-valia, com base na teoria do valor-trabalho, Marx, neste aspecto, junta-se a Adam Smith e David Ricardo, defendendo que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzí-la.

No entanto, Marx foi além. Expôs que a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de subsistência do trabalhador. Portanto, se ele trabalhar além do número de horas suficientes para suprir suas necessidades de alimentos, roupas, moradia, transporte, etc., estará produzindo não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho, que lhe é pago sob a forma de salário, mas estará produzindo um valor excedente, sem contra-partida, que Marx denominou mais-valia. É dessa fonte, o excedente não pago, que são tirados os lucros dos capitalistas, sejam eles agricultores, comerciantes, industriais ou banqueiros, além de fontes como terra, juros, etc.

Marx defendia que a taxa de mais-valia era a relação entre a mais-valia e o salário. Portanto, inalterados os salários reais, a taxa de mais-valia elevar-se-ia quando a jornada de trabalho e/ou a intensidade do trabalho aumentasse. Para Marx seria essa relação que definiria o grau de exploração sobre o trabalhador.

Tanto por sua obra como por sua intensa militância política, Marx influenciou a visão social e econômica, oferecendo suporte ao desenvolvimento do socialismo e do sindicalismo, obrigando o capitalismo a buscar o máximo aperfeiçoamento dos fatores de produção e adequada remuneração da força de trabalho. Assim, quanto maior a pressão exercida pelo proletariado, menos graves se tornam as injustiças e mais acelerado e intenso o desenvolvimento tecnológico.

Por conseguinte, acentuou-se a necessidade de implantação de um sistema administrativo que viesse a fazer frente às crescentes demandas trabalhistas e sociais. O início do século XX assistiu os primeiros esforços empresariais para implantar métodos e processos de racionalização do trabalho, com estudos metódicos e desenvolvidas exposições teóricas.