segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Chora o Samba

Morre Delegado, o grande
mestre-sala da Mangueira
  
“Meu sonho é que existam outros Delegados”,
diz Sérgio Cabral pai

 Mestre-sala da Mangueira faleceu nesta
segunda-feira e deixou marca indelével no samba

Jornal do Brasil
Gabriela Bispo*

Mestre Delegado, um dançarino
Nesta segunda-feira (12/11/2012), o Rio de Janeiro recebeu uma notícia que abalou as estruturas do samba: Delegado, ex-mestre-sala e presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, faleceu, aos 90 anos, deixando órfãos os que puderam admirar e aprender com a criatividade do dançarino na avenida.
Sérgio Cabral, jornalista e especialista em carnaval, reconhece a importância singular de Hégio Laurindo da Silva, nome de batismo do mestre. “Quando eu escrevia para o Jornal do Brasil, sobre carnaval, o Delegado era um dos meus personagens preferidos. Ele é, ao lado do Tijolo,  que foi passista da Portela, o melhor dançarino que eu já conheci”, afirmou Cabral. “Costumo compará-lo ao Vaslav Nijinski, bailarino russo. Ele era o Nijinski do samba. Meu sonho é que existam muitos outros Delegados”, concluiu o jornalista.

Vítima de uma doença incurável, sobre a qual a família do sambista preferiu não dar maiores informações, Delegado morreu no final da manhã.

Ele nasceu no próprio Morro da Mangueira, em 29 de dezembro de 1921. Ainda bebê, já frequentava sambas com a mãe, aos 10 anos começou na ala mirim da Estação Primeira de Mangueira e, com 17, deu início às suas atividades como mestre-sala da agremiação.

Delegado da Mangueira só dançou ao lado de três portas-bandeiras durante sua carreira, Nininha, Neide e Mocinha e, por 36 anos, tirou a nota máxima no desfile. Em 1983, o ‘pé de valsa’, ganhou, junto com Mocinha, o Estandarte do Povo, uma promoção do Jornal do Brasil e das extintas Rádio Cidade e TV-S.

Na ocasião Delegado agradeceu à população pela escolha: “Foi a maior felicidade da minha vida. Nenhum prêmio vale mais do que esse, que veio do povo. O povo está ali, está vendo. Sabe da importância do mestre-sala numa escola de samba. Foi a maior glória da minha vida. Agora, sim, posso passar meu anel de sambista para o meu filho”, disse.  No ano seguinte (1984), Delegado desfilaria pela última vez como mestre-sala.

O ícone do samba estava internado no CTI da Clínica Santa Branca, em Duque de Caxias. De acordo com a assessoria de imprensa da Mangueira, o velório está marcado para começar às 18:00 desta segunda na quadra da escola, na Zona Norte. O enterro será nesta terça-feira (13), no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.
(*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil)

Ivo Meirelles, presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira informou através das redes sociais:
"Faleceu o maior mestre-sala de todos os tempos e nosso presidente de honra, Mestre Delegado! Um dos maiores ícones da nossa escola e o mais mangueirense dentre todos os mangueirenses."

Em Os Meninos da Mangueira, Hildo Hora e Sérgio Cabral homenageiam os grandes baluartes da Mangueira, dentre eles Delegado, o dançarino do samba. A gravação original é de Ataulfo Alves Jr.

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