Um exemplo da vilania dos responsáveis
pela soberania e segurança
nacionais.
"Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intentos".
O nióbio (Nb) é uma das substâncias de mais baixa concentração na crosta
terrestre. Aparece, normalmente, em associação com o tântalo. Há dois minérios
tradicionais que contêm o minério de nióbio: A" columbita "ou "niobita" e o
minério denominado "pirocloro". O nióbio é um dos chamados" metais novos ", no
sentido de que teve a sua utilização realçada pelas tecnologias de ponta,
surgidas nos últimos anos.
O Brasil é líder das reservas mundiais de nióbio (98,53%), seguido pelo
Canadá (1,01%) e Austrália (0,46%), sendo também o seu maior produtor,
representando 97,2% do total mundial. O Estado de Minas Gerais é o maior
produtor nacional com 83,6%, seguido pelo Estado de Goiás (15,3%) e pelo Amazonas (1,1%).
Estes são dados do" Sumário Mineral ", edição 2010, publicação oficial do"
Departamento Nacional de Produção Mineral ".
Recentemente, com ampla difusão, inclusive em jornais e na Internet, tomamos
conhecimento, por meio do WikiLeaks, de documento produzido pela Secretária de
Estado norte-americana, Hilary Clinton, classificando como área de interesse
vital para os EUA as minas do mineral estratégico nióbio, localizadas em Araxá,
MG, e em Catalão e Ouvidor, estado de Goiás, mineral brasileiro do qual dependem
totalmente, ocorrendo o mesmo com a Europa e o Japão.
A China tornou-se, em 2009, o maior importador da liga ferro-nióbio
brasileira, usada, principalmente, na metalurgia, para a produção de chapas de
aços especiais, que apresentam qualidades superiores, ultrapassando os EUA e os
países europeus.
Aliás, acerca do que divulga o WikiLeaks, é bom lembrar que uma das missões
das Forças Armadas norte-americanas é defender os interesses da Nação americana
do Norte em qualquer parte do mundo, principalmente nas áreas classificadas como
vitais, para a manutenção do poder econômico e/ou militar e do bem-estar do povo
norte-americano. Isso é dito ou escrito em documentos oficiais sem qualquer
constrangimento de demonstração de um poder superior, comprovado até mesmo pela
História recente em guerras e invasões com a ONU a reboque.
Fatos como esse, mostram a fragilidade da Política Externa de "soft balance",
praticada pelo Brasil e orientada pelo idiota apedeuta, "o nosso guia", como
dizia de forma ridícula, nos últimos anos, o atual Ministro da Defesa, que
desconhece que Diplomacia há que ser respaldada por Poder Militar compatível com
o perfil político estratégico do País para que seja encarada com seriedade e não
como retórica demagógica a cair no vazio.
A questão do nióbio é, simplesmente, vergonhosa. Afirma o economista Adriano
Benayon, grande defensor dos interesses nacionais :
"A produção do nióbio, cresceu de 25,8 mil toneladas, em 1997, para 44,5 mil
em 2006. Chegou a quase 82 mil em 2007, caindo para 60,7 mil em 2008, com a
depressão econômica (dados do Departamento Nacional de Produção Mineral).
Estima-se atualmente 70 mil toneladas/ano. Mas a estatística oficial das
exportações brasileiras aponta apenas 515 toneladas do minério bruto, incluindo
"nióbio, tântalo ou vanádio e seus concentrados"!
Fontes dignas de atenção indicam que o minério de nióbio bruto era comprado
no garimpo a 400 reais/quilo, cerca de U$ 255,00/quilo (à taxa de câmbio atual e
atualizada a inflação do dólar). Ora, se o Brasil exportasse o minério de nióbio
a esse preço, o valor anual seria US$ 15,3 bilhões. Se confrontarmos essa cifra
com a estatística oficial, ficaremos abismados ao ver que nela consta o total de
US$ 16,3 milhões (0,1% daquele valor), e o peso de 515 toneladas (menos de 1% do
consumo mundial). Observadores respeitáveis consideram que o prejuízo pode
chegar a US$ 100 bilhões anuais.
Mesmo que o nióbio puro seja cotado a somente US$ 180 por quilo, como indica
o site "chemicool.com", ainda assim, o valor das exportações brasileiras do
minério bruto corresponderia a apenas 1/10 disso. O nióbio não é comercializado
nem cotado através das bolsas de mercadorias, como a London Metal Exchange, mas,
sim, por transações intracompanhias. Há, ademais, um item, ligas de
ferro-nióbio, em que o total oficial das exportações alcança US$ 1,6 bilhão,
valor mais de 100 vezes superior à da exportação do nióbio e de minérios a ele
associados,em bruto. Omais notável é que o nióbio entra com somente 0,1% na
composição das ligas de ferro-nióbio. Vê-se, assim, o enorme valor que o nióbio
agrega num mero insumo industrial, de valor ínfimo em relação aos produtos
finais das indústrias altamente tecnológicas que o usam como matéria-prima.
Note-se, também, que a quantidade oficialmente exportada do ferro-nióbio em
2010 foi 66.947 toneladas. O nióbio entrando com 0,1% implicaria terem saído apenas 67 toneladas de nióbio, fração ínfima
da produção mundial quase toda no Brasil e do consumo mundial realizado nas
principais potências industriais e militares."
E qual a razão desse minério, tão raro no resto do mundo, levar o
Departamento de Estado norte-americano a classificar áreas do Brasil do
interesse vital deles? E qual o motivo para que os nossos responsáveis pela
segurança e soberania nacionais demonstrem assim não as considerar, permitindo,
aos donos das jazidas ativas, extrair o minério, exportá-lo irregularmente, após
beneficiá-lo e, ainda por cima, acertar os preços do mesmo, na Inglaterra, entre
empresas, causando grande prejuízo ao Brasil? A agravar tal prejuízo temos que
considerar, também, a questão do descaminho, acredita-se em grande escala, na
região amazônica, pela fragilidade da vigilância de nossas fronteiras e pela
ação de ONGs estrangeiras, incluso em áreas indígenas, não fiscalizadas.
A resposta primeira, simplesmente, por ser o nióbio considerado minério
altamente estratégico, indispensável a produtos de alta tecnologia,
principalmente àqueles empregados na indústria de armamentos sofisticados, na
área nuclear, cibernética e espacial. A segunda, não há dúvidas, trata-se de
crime de lesa-pátria, originário da corrupção moral e material de nossos
governantes que é muito maior do que o patriotismo e da responsabilidade para
com a Nação brasileira que, obrigatoriamente, deveriam ter. Vamos voltar ao
assunto.
(Fonte: JusBrasil / Tribuna da Imprensa)
(Fonte: JusBrasil / Tribuna da Imprensa)
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