Fonte: niobiodobrasil.blogspot.com.br
Nióbio
Rui Fernandes P. Júnior
Especialista em Recursos Minerais
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONCEITO DO BEM MINERAL
O nióbio foi descoberto no
começo do século XIX pelo britânico Charles Hatchett. Apesar de alguns adotarem
a terminologia colúmbio, a União Internacional de Química recomenda o uso do
nome nióbio, em homenagem a deusa Niobe, filha de tântalo (nome de outro
elemento químico na tabela periódica), segundo a mitologia grega. É uma das
substâncias de mais baixa concentração na crosta terrestre, na proporção de 24
partes por milhão.
O nióbio (Nb) é o elemento de número 41 na tabela periódica dos elementos químicos, classificado como metal de transição. Sua densidade é de 8,57 g/cm³ e seu grau de dureza na escala de Mohs é de seis, numa escala de um a dez (classificação do diamante, já que este consegue cortar qualquer mineral).
O nióbio (Nb) é o elemento de número 41 na tabela periódica dos elementos químicos, classificado como metal de transição. Sua densidade é de 8,57 g/cm³ e seu grau de dureza na escala de Mohs é de seis, numa escala de um a dez (classificação do diamante, já que este consegue cortar qualquer mineral).
Outras caracterizações químicas do nióbio: em condições normais de temperatura
e de pressão (CNTP, ou seja, a 0 ºC e pressão atmosférica ao nível do mar),
encontra-se no estado sólido da matéria, seu ponto de fusão ou derretimento é de 2468ºC e seu ponto de ebulição ou de evaporação é de 4744ºC.
1.2 CARACTERIZAÇÃO E OCORRÊNCIAS
O nióbio possui forte afinidade geoquímica com o tântalo, ou seja, eles são
estreitamente associados e encontrados juntos na maioria das rochas e dos
minerais em que ocorrem.
Na natureza há mais de 90 espécies minerais de nióbio
e tântalo conhecidas, das quais podemos destacar com suas respectivas
composições químicas:
a columbita-tantalita (Fe, Mn) (Nb, Ta2) O6, com teor máximo de 76% de Nb2O5; o pirocloro (Na3, Ca)2 (Nb, Ti) (O, F)7, com teor máximo de 71% de Nb2O5; o bariopirocloro (Ba, Sr)2 (Nb, Ti)2 (O, OH)7, com teor máximo de 67% de Nb2O5; a loparita (Ce, Na, Ca)2 (Ti, Nb)2O6, com teor máximo de 20% de Nb2O5 e a pandaíta (Ba, Sr)2 (Nb, Ti,Ta)2 (O, OH, F)7.
a columbita-tantalita (Fe, Mn) (Nb, Ta2) O6, com teor máximo de 76% de Nb2O5; o pirocloro (Na3, Ca)2 (Nb, Ti) (O, F)7, com teor máximo de 71% de Nb2O5; o bariopirocloro (Ba, Sr)2 (Nb, Ti)2 (O, OH)7, com teor máximo de 67% de Nb2O5; a loparita (Ce, Na, Ca)2 (Ti, Nb)2O6, com teor máximo de 20% de Nb2O5 e a pandaíta (Ba, Sr)2 (Nb, Ti,Ta)2 (O, OH, F)7.
A columbita-tantalita e o pirocloro, que para efeitos de simplificação utiliza-se a terminologia química (Nb2O5) são as principais fontes de nióbio no Brasil e no mundo.
A columbita-tantalita normalmente encontra-se associada aos pegmatitos, ou seja, são termos finais do magma granítico que não entram na rocha cristalizada primeiramente. Além disso, trata-se de rocha plutônica, resfriada lentamente abaixo da superfície terrestre (os magmas vulcânicos, como os basaltos, extravasam e resfriam rapidamente) e dando origem a cristais que podem atingir metros de comprimento, podendo superar os 20 mm.
Nos pegmatitos encontram-se uma gama de
minerais como: quartzo, feldspato, mica, terras raras, gemas (água marinha e
topázio, por exemplo) além dos minerais: estanho (cassiterita), tungstênio
(wolframita), além da columbita-tantalita.
O pirocloro encontra-se em carbonatitos associados às intrusões alcalinas do cretáceo superior, da era mesozóica. Os carbonatitos costumam conter um ou mais dos seguintes mineriais: nióbio, níquel, cobre, titânio, vermiculita, apatita (fosfato), terras raras, barita, fluorita, além dos minerais nucleares tório e urânio.
Existe certa divergência entre os especialistas no assunto sobre a origem dos carbonatitos, mas a versão mais aceita é de que são relacionados às rochas alcalinas, incluindo kimberlitos (associados à ocorrência de diamantes) e que são originados de material derivado de grande profundidade, possivelmente do manto.
Até o final dos anos 1950, o nióbio era obtido como subproduto do tratamento das columbitas e tantalitas, minerais pouco abundantes, implicando elevado preço e uso restrito a um tipo de aço inoxidável e a algumas superligas.
Com as
descobertas de significativas reservas de pirocloro no Brasil e no Canadá e com
sua viabilização técnica, houve uma transformação radical nos aspectos de
preços e disponibilidade.
Atualmente, as três maiores reservas exploradas de nióbio no mundo estão localizadas no Brasil (Araxá, no Estado de Minas Gerais; Catalão e Ouvidor, no Estado de Goiás) e no Canadá (Saint Honoré, na província francófona do Quebec) são de origem carbonatítica.
Atualmente, as três maiores reservas exploradas de nióbio no mundo estão localizadas no Brasil (Araxá, no Estado de Minas Gerais; Catalão e Ouvidor, no Estado de Goiás) e no Canadá (Saint Honoré, na província francófona do Quebec) são de origem carbonatítica.
1.3 USOS E SUBSTITUIÇÕES
O nióbio possui muitas utilidades e aplicações em diversos ramos econômicos: da
siderurgia a setores intensivos em tecnologia. A aplicação mais comum do nióbio, ao contrário dos demais metais refratários,
encontra uso principalmente na siderurgia e ocasionalmente no segmento não
metalúrgico.
Os produtos de aço recebem a classificação de planos e não planos. Os primeiros são constituídos por chapas grossas e finas laminadas a quente e a frio e os aços não planos estão os trilhos, barra de reforço para concreto, fio máquina, dentre outras aplicações.
Existe um tipo de aço denominado (ARBL), aço de alta resistência e de baixa liga, que permite, por exemplo, a construção de estruturas de menor peso e custo reduzido. Para aumentar a resistência mecânica do aço, basta elevar o teor de carbono, contudo algumas propriedades do aço como soldabilidade, tenacidade e conformabilidade são prejudicadas neste caso.
A indústria
siderúrgica tem pesquisado uma alternativa que aumentasse a resistência
mecânica do aço sem alterar as outras propriedades desejáveis. O nióbio, o
titânio e o vanádio são alguns dos elementos utilizados na fabricação dos aços
microligados, pois possuem uma alta afinidade com o carbono. No caso do nióbio
as adições típicas são na faixa de 0,04%, ou seja, para cada tonelada de aço,
são acrescentadas 400
gramas de nióbio.
A vantagem do nióbio em relação ao vanádio e ao titânio é que ele possui maior resistência; mas ao utilizá-lo em conjunto com os outros elementos, pode possibilitar ganhos de sinergia à liga, como a adição de nióbio e titânio, por exemplo, na liga de alta resistência, confere uma qualidade melhor do produto. Este aço especial pode ser utilizado na construção de oleodutos e gasodutos e plataformas para exploração de petróleo em águas profundas, construção naval.
Na indústria automobilística, o aço microligado pode ser utilizado em tiras laminadas a quente, conferindo alta resistência mecânica, utilizados em chassis de caminhões e rodas de veículos, enquanto as tiras laminadas a frio são utilizadas na fabricação de automóveis.
Os aços microligados podem ser utilizados para fabricação de barras para concreto armado (vergalhões); utilizadas em construções civis;
na área nuclear (fabricação de reatores nucleares) e em locais de alta atividade sísmica (terremotos); na fabricação de trilhos ferroviários, utilizados principalmente em curvas e desvios, onde o desgaste do aço é mais intenso.
O nióbio é utilizado também na fabricação de aços inoxidáveis tanto a base de carbono como a base de ferro, o aço ferrítico, responsável por 10% do consumo mundial de nióbio. A principal utilidade deste aço está na produção de escapamentos automotivos.
O aço inoxidável com nióbio garante melhor desempenho nas condições de trabalho em temperatura elevada, garantindo maior durabilidade à peça. O aço ferramenta é constituído, basicamente, por carbonetos de alta dureza, como cromo, tungstênio, molibidênio, vanádio e cobalto.
No desenvolvimento do aço ferramenta de alto desempenho, o nióbio aparece como elemento formador de carbonetos (NbC). Muito utilizado para cilindros de laminadores e eletrodos para endurecimento superficial.
O uso do nióbio em ferros fundidos é mais recente, utilizado, por exemplo, em anéis de segmento e camisas de cilindros nos motores automotivos; na indústria de mineração do cimento, os corpos moedores e as máquinas de jateamento são compostos por ferro fundido a base de nióbio e também é utilizado em discos de freios de caminhões.
Em todos estes casos, o nióbio é adicionado, dando origem a carbonetos adequados para uso em situações severas de desgaste e abrasão.
Dentre os materiais projetados para funcionar por longos períodos em atmosferas oxidantes e corrossivas, submetidas a temperaturas acima de 650º C, estão às superligas, que demandam o segundo maior consumo de nióbio depois da indústria do aço. Existem diversos tipos de superligas que utilizam nióbio, mas o destaque é liga INCONEL 718, com teor de 53% de níquel (Ni); 18,6% de Cromo (Cr); 18,5% de Ferro (Fe) e 5,3% de Nióbio (Nb).
A liga 718 é utilizada principalmente nos motores a jato e motores
militares, como exemplo, a General Electric (GE) produz o motor CFM56, o motor
a jato mais usado atualmente, contém aproximadamente 300 kilos de nióbio de
alta pureza. Ela pode ser utilizada também em outras peças de motores como
parafusos e eixos de rotor; na indústria nuclear; na indústria criogênica
(referente ao uso de tecnologias para produção de temperaturas muito baixas,
abaixo de -150º C, estado em que o elemento nitrogênio se encontra na forma
líquida) e na indústria petroquímica. Outras superligas que utilizam nióbio
são: INCONEL 706 (3% de Nb), INCONEL 625 (3,5% de Nb), a René 62 e Udimet 630.
O nióbio metálico é um dos metais que mais resistem à corrosão, principalmente em meios ácidos e metais alcalino fundidos.
Também é utilizado em componentes de lâmpadas de alta intensidade para iluminação pública, associado ao metal tungstênio (W), pois requer alta resistência mecânica, associadas à resistência corrosão pelo sódio (Na).
Outra propriedade fundamental do nióbio é a supercondutividade, que é desaparecimento total da resistividade elétrica em temperaturas críticas próximas ao zero absoluto. Em estado puro, o nióbio encontra aplicação em aceleradores de partículas subatômicas.
O Grande Colisor de Hádrons (LHC sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do mundo, é um mega projeto envolvendo cientistas de diversos países, incluindo o Brasil.
Localizado na fronteira entre a Suíça e a França, é
um anel de 27 Kilômetros de circunferência, enterrado a 100 metros de
profundidade e resfriado a 271,3 graus abaixo de zero.
Visa detectar a existência de partículas elementares da matéria, inferidas pela física teórica, porém jamais observadas como o bóson de Higgs, o que poderia confirmar a existência da matéria escura e, conseqüentemente, confirmar as teorias atuais sobre a origem do universo. Neste supercondutor, há magnetos compostos pela liga nióbio-titânio.
Outra utilidade do nióbio metálico está na indústria aeroespacial: a liga C-103 é composta de nióbio, háfnio e titânio são utilizados como material refratário por resistir a temperaturas acima de 1300 ºC e aceitar revestimentos contra oxidação, utilizados em propulsores e bocais de foguetes e está sempre presente na saia do motor Pratt & Whitney F100, um gerador de alta potência usado nos caças F15 e F16.
Visa detectar a existência de partículas elementares da matéria, inferidas pela física teórica, porém jamais observadas como o bóson de Higgs, o que poderia confirmar a existência da matéria escura e, conseqüentemente, confirmar as teorias atuais sobre a origem do universo. Neste supercondutor, há magnetos compostos pela liga nióbio-titânio.
Outra utilidade do nióbio metálico está na indústria aeroespacial: a liga C-103 é composta de nióbio, háfnio e titânio são utilizados como material refratário por resistir a temperaturas acima de 1300 ºC e aceitar revestimentos contra oxidação, utilizados em propulsores e bocais de foguetes e está sempre presente na saia do motor Pratt & Whitney F100, um gerador de alta potência usado nos caças F15 e F16.
O metal nióbio pode ser utilizado também em ligas de nióbiotitânio, para uso em implantes cirúrgicos; em componentes de nióbiotitânio resistentes à ignição, usados por mineradoras, principalmente na extração de ouro; em lâminas de nióbio puro usadas na produção de diamantes sintéticos; em plataformas marítimas, com cabos anódicos de nióbio platinizados para proteção catódica (contra corrosão) e para alvos de evaporação usados na indústria eletrônica e nas lâminas de barbear.
O óxido de nióbio é utilizado na produção de cerâmicas finas como capacitores cerâmicos, lentes óticas, ferramentas, peças de motor e alguns elementos estruturais resistentes ao calor e a abrasão. A fabricação destes materiais requer óxido de nióbio de alta pureza. O óxido de nióbio com 99,9% de pureza é utilizado para a fabricação de peças cerâmicas, lentes óticas, condensadores e atuadores cerâmicos.
A produção de monocristais de niobato de lítio, utilizados em filtros especiais de receptores de TV exige o teor de 99,99% de óxido de nióbio, ou seja, óxido de nióbio de altíssima pureza.
No ramo da catálise, compostos de nióbio têm sido utilizados para diversas reações de interesse industrial. A catálise muda a velocidade das reações químicas, contudo a substância catalisadora não se altera ao final da reação química.
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