quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Nióbio: Bem Mineral, Bem Nacional - II


 Fonte: niobiodobrasil.blogspot.com.br


Nióbio
Rui Fernandes P. Júnior
Especialista em Recursos Minerais
 
 
2. RESERVAS

O Brasil detém as maiores reservas mundiais de nióbio, seguido pelo Canadá e Austrália. As reservas medidas de nióbio (Nb2O5) aprovadas pelo DNPM e contabilizadas totalizaram 842.460.000 toneladas, com teor médio de 0,73% de Nb2O5 e estão concentradas nos Estados de Minas Gerais (75,08%), em Araxá e Tapira; Amazonas (21,34%), em São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo e em Goiás (3,58%), em Catalão e Ouvidor. As jazidas encontram-se associadas aos complexos alcalinos carbonatíticos.

O complexo Carbonatítico do Barreiro situa-se no oeste do Estado de Minas Gerais, na região do Alto Paranaíba, no município de Araxá. Esta região tem sido alvo de pesquisas geológicas desde o século XVIII.

Em 1886, Orville Derby realizou as primeiras investigações geológicas nesta região. Em 1944, o engenheiro Lucas Lopes, secretário da Agricultura, Indústria e Comércio do governo de Minas Gerais, criou o Instituto de Tecnologia Industrial (ITI), nos mesmos moldes do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Estado de São Paulo, porém voltadas à pesquisa mineral em Minas.

Um dos legados deste órgão, extinto em 1963, foi à descoberta das jazidas de pirocloro de Araxá, em 1953, quando o geólogo Djalma Guimarães esteve em Araxá para averiguar a existência de minerais de urânio e descobriu em suas pesquisas os primeiros cristais de pandaíta (báriopirocloro). A exploração de pirocloro, no entanto só se iniciaria na década seguinte.

As jazidas carbonatíticas de Araxá, bem como as de Tapira, Catalão e Ouvidor constituem a província alcalino carbonatítica do Alto Paranaíba, do Período Cretáceo e está encaixado em xistos e quartzitos do pré-cambriano do Grupo Araxá, numa faixa NO-SE, abrangendo parte do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás. Possuem forma circular com 4,5 km de diâmetro, constituídas por rochas ultramáficas metassomatizadas (glimeritos), cortados por carbonatitos e fosforitos.

O manto de intemperismo em complexos carbonatíticos possui uma grande importância econômica por ser formadora de depósitos residuais de vários elementos como barita, tório, fósforo (apatita), urânio, cobre, tório, titânio e elementos de terras raras.

A descoberta das jazidas de pirocloro no sudeste goiano teve início ainda no século XIX, em 1892, pelo geólogo Eugênio Hussak. Ele fazia parte da Comissão Exploradora do Planalto Central (a missão Cruls), que demarcaria a área do futuro Distrito Federal, chefiada pelo astrônomo e geógrafo belga Luiz Cruls. Durante a viagem, a expedição passou pela região de Catalão e Hussak descobriu uma rocha diferente.

Com base nesta rocha é que foi descoberta a grande jazida de fosfato de titânio e, posteriormente, nos anos 1960 foram descobertas as jazidas de pirocloro, que começariam a ser exploradas no final dos anos 1970.

O complexo Ultramáfico-Alcalino e Carbonatítico de Catalão são um dos vários complexos alcalinos mesozóicos que se encontra nas bordas da Bacia Sedimentar do Paraná. Destaca-se como platô elíptico com os eixos N-S e W-S medindo em aproximadamente 6 km.  A porção interna do complexo é constituída por rochas ígneas, com encaixantes metamórficas, apresentando arqueamento em seus bordos.  Um manto espesso de produtos de intemperismo cobre o corpo das rochas alcalinas.
 
A mineralização do nióbio ocupa a parte central do complexo, representado pela pandaíta (bário-pirocloro) e por pirocloro rico em Ca e Na no carbonatito. Estas jazidas apresentam extrema complexidade tanto em sua composição físico-química e na paragênese mineralógica, acarretando dificuldades tanto nas operações de lavra (dimensionamento das reservas) e de beneficiamento do minério (controle de qualidade).

O carbonatito do Morro dos Seis Lagos está localizado no Estado do Amazonas, em São Gabriel da Cachoeira, no noroeste deste Estado (região conhecida como “cabeça de cachorro”), tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Colômbia. Em 1975, o projeto RADAM verificou nesta região anomalias radioativas com intensidade duas vezes superior ao limite de detecção do cintilômetro. Estas anomalias foram causadas pela presença dominante do tório (Th).
 
Em 1982, a CPRM iniciou a pesquisa de detalhe, através da geofísica aérea, geoquímica, sondagens e mapeamento geológico. Estas pesquisas foram suficientes para revelar que uma combinação perfeita do clima, das rochas matrizes e topografia geraram um depósito excepcional de minérios, notadamente de nióbio, titânio e de substâncias metálicas do grupo dos lantanídeos (terras raras).
 
Um intenso processo de lixiviação, provocadas pela alta incidência de chuvas na Amazônia, ocorreu nas chaminés, causando uma profunda dissolução dos carbonatitos e lixiviando os elementos mais solúveis. O resultado foi um enriquecimento notável destas três substâncias, até uma profundidade de 250 metros.
 
O nióbio proveio, originalmente, do pirocloro dos carbonatitos. O processo de lixiviação destruiu o pirocloro, deixando o nióbio disponível para reagir com o oxigênio e formar os óxidos, prevalecendo uma combinação do óxido de nióbio com o rutilo (óxido de titânio TiO2) e com os elementos de Terras Raras como o ítrio e o cério. Além disso, o óxido de nióbio ainda aparece na estrutura da hematita, limonita e goethita (hidróxidos de ferro).

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